Para o povo de uma cidade específica, Veneza, a realização do Périplo Africano pode ter marcado o fim de um processo que poderia ter levado a uma Revolução Industrial adiantada em alguns séculos e que teria início no Arsenal de Veneza.
Portões Principais no século XVIII, as estruturas Neoclássicas, vindas da Grécia, foram perdidas |
Seu pequeno tamanho, desde o início, levava a necessidade da superioridade naval. De difícil invasão por terra, uma grande frota era a proteção que Veneza precisava para transformar-se num império. Com posses no Adriático, de onde trazia produtos como a seda e as especiarias a preços exorbitantes para praticamente toda a Europa Mediterrânea e para o Norte, via Liga Hanseática, a cidade estado reuniu, pela primeira vez na história ocidental, as características necessárias para um cenário de Revolução Industrial.
Veneza e Gênova competiam para levar os produtos orientais para todo o Mediterrâneo e para o Atlântico, de Lisboa a Bruges, onde negociavam com a Liga Hanseática. |
Veneza, com suas vias hídricas, só precisava da força naval para se tornar quase impenetrável. |
Em 1571, Veneza teria papel crucial na vitória na Batalha de Lepanto, que seria a virada no conflito contra os Otomanos. A República poderia, finalmente, voltar ao seu sistema de comércio com o Oriente, não fossem os portugueses terem aberto concorrência em 1488. A compra de produtos das Índias e da China realizadas no Mediterrâneo dependia de grandes quantidades de intermediários, tendo desvantagem acentuada com o comércio direto dos lusitanos, que possuíam entrepostos em todo o percurso e até mesmo no Japão. O comércio via Panamá e Manila dos Espanhóis seria mais um duro golpe.
Napoleão Bonaparte viria a conquistar a cidade que, desde então, nunca mais recuperaria sua autonomia. Passada para Áustria e, depois, para a Itália.
Um complexo industrial daquele porte só se veria novamente na Inglaterra Industrializada do século XVIII, inclusive, a cidade atrairia milhares de visitantes ingleses durante o auge do poderio britânico, curiosos para aprender o sistema de produção que os inspiraria em sua versão de Revolução Industrial. E, como a história é contada pelos vitoriosos, todos nós sabemos que a Inglaterra foi quem criou a Divisão do Trabalho e a Revolução Industrial, etc... tsc tsc. Como se um processo tão complexo fosse possível de ser realizado do zero, em poucos anos, por um "povo superior".
Atenciosamente.